terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Tempo

Se tivéssemos tempo,
tempo de saber
de experimentar, de errar, de aprender, de repetir, de ouvir, de perdoar, de amar,
tempo de viver.
Falta me tempo.
Foge-me entre os dedos, não o agarro.
Ele passa e não me leva.
Não me leva, não me olha, nem me sente.
Fiquei lá. Naquela rua, escura, sozinha. A rua?

Deixaram me naquele caminho que fiz pela ultima vez, deixaram me o olhar magoado que dei pela ultima vez.
Mas se me tivessem deixado só assim eu estava bem.
As viagens, os costumes, as memórias, os cheiros, os sons, os cheiros, os cheiros, os cheiros!
Os toques, os sorrisos, os sorrisos!
Deixaram me a memória do que era feliz, a mentira feliz, a irrealidade deliciosa.
Quem diria, que eu me arrependeria de pedir o 'quem diria?'
Quem diria que eu escreveria sobre isto se eu apenas queria falar sobre a falta de tempo.

O tempo que me falta para esquecer a memória.
O tempo que me falta para ser perdoada.
O tempo que me falta para perdoar.
O tempo que me falta para perceber.
E quanto tempo falta para a felicidade, sem memória?

Estamos todos tão alheios ao sofrimento uns dos outros, não se fala, não se diz, não se sente.
Não se chora,
não se grita,
não se sente.
Mas dói.

Por isso elas correm, e hão de correr mais, e que corram!
Desde que...
desde que me prometam que há tempo, que eu tenho tempo de não me lembrar que elas correram, tempo de não me lembrar nem porquê.

E eu não percebo, não aceito e talvez até nem consiga digerir.
E talvez até nem tenha tempo para tudo, não tenha tempo para sentir que sim.
Mas enquanto alguma coisa me fizer esperar...
Ele passa.

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